Cistite de Repetição

Infecção do trato urinário é uma infecção que atinge qualquer órgão que participa na formação e eliminação da urina. Pode acometer desde o rim até a uretra, tendo diferentes nomes de acordo com o orgão afetado. Quando a infecção instala-se no rim à dita pielonefrite. Quando ataca a bexiga, chama-se cistite. Na próstata, prostatite e na uretra, uretrite.

 

Somente as mulheres têm infecção urinária?


Qualquer pessoa pode apresentar infecção urinária, desde crianças até idosos. A infecção urinária pode acometer tanto o sexo masculino como o feminino, com diferentes níveis de agressividade e com sintomas variados.

Para um correto entendimento do que é infecção urinária e necessário considerar o local da infecção, idade e sexo. A abordagem de uma infecção urinária em uma criança é totalmente diferente de uma infecção no idoso. Não e possível comparar uma cistite com uma pielonefrite, tanto nas causas como no tratamento. Portanto, somente seu médico poderá fazer o diagnóstico correto do local da infecção e propor o tratamento adequado.

 

O que é cistite?


Em adultos, quando falamos em infecção urinária, a cistite, que é a infecção da bexiga, constitui-se no tipo de infecção mais comum. É muito mais frequente nas mulheres do que nos homens, desde a infância até a vida adulta. Na terceira idade, afeta os homens com uma incidência maior.

Pela frequência e pela importância do tratamento, iremos considerar apenas as cistites em mulheres neste capítulo. Informações sobre outros tipos de infecções urinárias serão encontradas em outros típicos do site.

 

Quais as causas de cistite na mulher?


Mas afinal de contas, qual a causa da cistite nas mulheres? Porque certas pacientes apresentam infecções contínuas ou de repetição enquanto outras nunca apresentarão essa doença? Na verdade, os conhecimentos atuais da medicina não permitem uma resposta clara e objetiva a essa pergunta. O que se sabe é que existem fatores que facilitam a infecção urinária na mulher numa frequência muito maior que nos homens. Isso não responde, contudo, a pergunta: Porque mulheres com hábitos parecidos e costumes semelhantes podem ter uma frequência tão diferente na incidência de cistites?

O principal fator envolvido no surgimento da cistite na mulher é a proximidade do orifício da uretra com a vagina e a facilidade com que as bactérias podem entrar na bexiga devido a essa pequena barreira. No homem, o canal uretral é muito maior e isso explica a baixa incidência de cistite em homens jovens.

Normalmente, a bexiga não apresenta bactérias. Isso deve-se a uma série de fatores:


1- Constante passagem de urina que elava a bexiga e leva embora eventuais bactérias que conseguem entrar na uretra.


2- Fatores protetores imunológicos locais.


3- Resistência do organismo.


Portanto, qualquer fator que atue aumentando a entrada de bactérias na bexiga, redução na quantidade de urina ou alteração no esvaziamento da bexiga, bem como alterações na imunidade podem levar a um aumento na frequência das cistites. Além disso, a maior parte das cistites nas mulheres começam após início da atividade sexual.

De fato, algumas mulheres apresentam uma clara correlação entre a atividade sexual e o surgimento de uma cistite. Tanto é assim que existe a denominada cistite da lua de mel, cujo próprio nome leva a uma associação entre atividade sexual e cistite. Contudo, não há resposta à pergunta: Porque algumas mulheres sexualmente ativas apresentam infecção e outras não?

O mais importante de tudo é ter em mente que a cistite não é uma doença sexualmente transmissível. Algumas mulheres afetadas pelas infecções de repetição jogam a culpa nos seus parceiros e passam a encarar a relação sexual como a culpada por sua doença. Volto a dizer: Não há como explicar o porquê que uma mulher ativa sexualmente tem infecção e outra não.

 

Qual os sintomas mais comuns de uma mulher com cistite?


Os sintomas de cistite na mulher são variados e incluem:


1-Desejo continuo de urinar mesmo após ter acabado de urinar, a mulher tem a sensação de estar com a bexiga cheia;

 

2- Ardência na uretra quando urina;


3- Desejo incontrolável para urinar;


4- Dor na região abaixo do umbigo;


5- Dor pélvica, que as vezes se manifesta na região posterior do quadril;


6- Sangramento na urina ou percepção de coloração diferente na urina;


7- Urina com cheiro muito forte.


Quando você apresenta uma cistite, pode sentir todos sintomas descritos acima ou apenas um deles. Uma série de fatores estarão envolvidos na apresentação da doença.

Um dos pontos chaves no entendimento da cistite é a compreensão, por parte da mulher, que existem várias doenças que apresentam sintomas semelhantes aos da cistite. Desde irritações vaginais passando por doenças renais, várias patologias se manifestam pelo mesmo sintoma. Portanto, o risco da automedicação encontra-se presente, assim como em outras doenças.

As cistites podem ser causadas por vários agentes e necessitam ser diferenciadas. Podemos dividir as cistites em:


1- Infecciosas: Sendo a Escherichia Coli a bactéria causadora de cerca de 90% das infecções urinárias em mulheres sem outras doenças;

2- Cistite química: Provocada por uma série de medicações, entre elas as drogas usadas nos tratamentos de câncer;


3- Cistite por radioterapia;


4- Irritação da uretra por agentes físicos ou quí¬micos, trauma (relação sexual vigorosa), uso de desodorantes íntimos ou outros produtos usados na higiene vaginal, uso de calças muito apertadas;


5- Doenças das vias urinárias: Cálculos renais, tumores de bexiga, diabetes, etc. Uma série de doenças podem afetar a bexiga e manifestar-se da mesma maneira que as cistites infecciosas;


6- Cistite crônica: Antigamente denominada de cistite intersticial e hoje denominada de síndrome da bexiga dolorosa, que será abordada em outro tópico do site.

 

Como prevenir novas Cistites?


A prevenção da cistite de repetição envolve uma série de medidas que devem ser incorporadas aos hábitos diários das pacientes afetadas pela doença. Esses métodos incluem mudanças comportamentais e algumas medicações. O correto tratamento com antibiótico constitui-se na medida mais importante da abordagem, mas a prevenção depende em muito do engajamento e participação da paciente. Entre as medidas mais comuns para a prevenção e de fácil aplicação, destacamos:


1- Ingesta adequada de água, de modo que você produza urina suficiente para adequado auxílio na prevenção da entrada de bactérias na sua bexiga.


2- Evitar reter demais o desejo para urinar, isso permite que as bactérias fiquem menos tempo em contato com sua bexiga. Como na ingesta de água, a constante micção auxilia na eliminação de bactérias invasoras.


3- Cuidados particulares nas relações sexuais.

. Não ter relação com a bexiga vazia;

. Cuidado nas carícias que porventura introduzam bactérias presentes no intestino dentro da vagina;

. Cuidados no uso de agentes espermicidas ou preservativos que provoquem irritação vaginal;

. Uso de lubrificantes vaginais em casos indicados;

. Tomar bastante água e urinar após relação sexual, este talvez a principal medida preventiva quanto as relações sexuais.


4- Evitar uso de desodorantes íntimos ou talcos, bem como o uso de calças muito apertadas;


5- Evitar as duchas vaginais;


6- Evitar certos alimentos que sabidamente provoquem alguma irritação na urina. Não existe uma dieta específica, algumas mulheres referem claramente que apresentam sintomas quando ingerem bebida alcoólica ou comidas muito condimentadas. Cada paciente deve tentar perceber se existe algum tipo de alimento que provoque ou piore seus sintomas e desse modo, evitá-los;


7- Cuidados na higiene anal após evacuar, sempre limpar da frente para atrás, nunca fazer movimentos que possam trazer as bactérias do ânus para a vagina;


Quanto ao tratamento com medicações para prevenção, existem evidências de que o uso de cranberry possa ser útil na prevenção. Embora não haja uma ampla concordância nos estudos, acredita-se que o uso desse produto possa ajudar na prevenção das infecções. O cranberry é uma fruta encontrada na América do norte e o seu uso vem sendo estimulado pelos estudos. O uso tem que ser contínuo e diário, não havendo consenso sobre qual formulação seria a ideal. Recomenda-se o uso da forma de cápsulas, com uma dose mínima diária de 400 mg. Pacientes em uso da medicação warfarin não devem fazer uso de cranberry.

Outras medidas como alcalinização da urina ou uso de citrato de potássio carecem de evidências clínicas que comprovem seu benefício no tratamento ou prevenção.

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