Câncer de Bexiga

O câncer de bexiga é uma doença relativamente comum, afeta mais homens que mulheres e acomete a bexiga em graus variáveis de malignidade, ou seja, existem cânceres de bexiga com agressividade variada, sendo alguns de fácil tratamento, enquanto outros são fatais, mesmo quando diagnosticados em uma fase mais precoce. Essa grande variabilidade na apresentação torna o câncer de bexiga uma doença com vários tipos de abordagens, passando pela cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Câncer que é confinado à camada mais superficial da bexiga é dito não-invasivo, enquanto aquele que acomete as camadas musculares e se infiltra por todo o órgão, estendendo-se até os linfonodos e outros órgãos, é dito câncer vesical invasivo. Nos Estados Unidos, cerca de 70% dos pacientes apresentam-se inicialmente com doença superficial, enquanto que o restante desenvolve doença invasiva e com alto í­ndice de letalidade.


Quais são as causas do câncer de bexiga?


Assim como todas os outros tipos de cânceres, a presença de certos fatores ou alguns hábitos podem aumentar a chance de uma pessoa desenvolver a doença. Certos indivíduos expostos a esses fatores têm uma chance maior de apresentar este tipo de câncer, enquanto outros, expostos ao mesmo fator de risco, não terão essa doença. Você deve ter em mente que esses fatores podem ser alterados, dependendo de sua vontade e, caso você tenha uma tendência genética ao desenvolvimento de neoplasias malignas, as mudanças desses hábitos podem prevenir o surgimento dessa terrível doença.


O fator mais claramente ligado ao desenvolvimento do câncer da bexiga é o cigarro. Portanto, a interrupção do fumo é de importância fundamental para quem quer viver mais, livre dessa e outras doenças.


Trabalhadores nas indústrias químicas estão expostos a certos agentes cancerígenos, principalmente os que trabalham com corantes quí¬micos e outros tipos de agentes utilizados na fabricação de borrachas, derivados do couro, pesticidas, etc.


Pacientes previamente submetidos à radioterapia para outros tipos de câncer da região pélvica.


Indivíduos com doenças crônicas da bexiga, com infecção de repetição ou outros fatores irritantes de repetição, como cálculos e alguns tipos de parasitoses da bexiga.


Existem vários outros fatores associados ao surgimento de câncer de bexiga, alguns carecendo de comprovação cientifica. O mais importante é uma conversa com o especialista para um adequado esclarecimento para que você possa mudar algum hábito de modo a prevenir o surgimento do câncer de bexiga.

 

Quais os sintomas mais comuns?


Os sintomas da doença vão depender do estágio do câncer e do local acometido. Os tumores pequenos, localizados em áreas da bexiga distantes dos locais de entrada e saí¬da de urina deste órgão podem demorar a se manifestar. Os sinais mais comuns são:


Ardência para urinar


Sangramento na urina em quantidades variáveis, desde uma forma microscópica até a hemorragia volumosa


Sintomas irritativos, como vontade constante de urinar, sensação de urgência para ir ao banheiro, dor na região inferior do abdômen


Perda de peso e emagrecimento


Muitas vezes o tumor é descoberto incidentalmente, quando o paciente está realizando um exame diagnóstico de rotina ou para outras queixas.

 

Como é feito o diagnóstico?


Uma vez que o seu médico suspeite de um tumor na bexiga, ele poderá lançar mão de vários tipos de exames para fazer o diagnóstico. Os mais comuns são:

Ultrassom: Demonstra uma lesão dentro da bexiga.


Tomografia computadorizada de pelve: Além de diagnóstico, serve também para avaliar a extensão da doença dentro e fora da bexiga (invasão de outros órgãos, metástases, etc.).

 

Pesquisa de células neoplásicas na urina: Em casos de tumores bem agressivos, uma simples análise de urina pode sugerir presença de câncer na bexiga.


Cistoscopia: Exame de fundamental importância, confirma a doença e permite biópsias do tumor para definir o grau de malignidade e extensão da doença.

 

Quais os tipos de tratamento para o câncer de bexiga?


Após confirmação da doença pela biópsia, é necessário o estagiamento do tumor, que consiste em determinar a agressividade da doença, definindo se o câncer é invasivo ou não dentro da bexiga e se ele já se estendeu e enviou metástases para o corpo. Para a definição do grau de malignidade e invasão da bexiga, seu médico irá submeter-lhe a uma ressecção do tumor por via endoscópica. Através de um aparelho introduzido na bexiga, a lesão será retirada e posteriormente analisada por um patologista. Isso poderá determinar se o tumor é superficial ou se invade o músculo e se infiltra para dentro da bexiga. Através de tomografias, cintilografias, raio-x, ressonância nuclear e outros métodos, será possível identificar os casos nos quais já existem metástases ou invasões de outros órgãos. Uma vez feito o estudo do grau de malignidade e extensão da doença, seu médico poderá então informar-lhe das opções de tratamento adequadas para o seu caso.

 

Quais as opções de tratamento para o câncer de bexiga superficial?


Neoplasias superficiais são os tumores de bexiga que, embora malignos, tem um comportamento menos agressivo e não infiltram as camadas mais profundas da bexiga, tem menores chances de recidiva quando tratados e não metastatizam com muita frequência. Nesse tipo de câncer, o objetivo do urologista é tratar a lesão e atuar de modo a diminuir as chances de recidiva e progressão da doença. Geralmente não é necessária uma cirurgia mais agressiva como a retirada completa da bexiga (cistectomia) ou mesmo a retirada parcial (cistectomia parcial). Entre as opções terapêuticas nesse tipo de tumor, as mais usadas são:


Resseção transuretral de tumor de bexiga: Por meio de um endoscópio introduzido dentro da bexiga, o urologista irá raspar a bexiga, de modo e retirar toda a lesão, bem como amostras de tecido abaixo do tumor, de modo a estudar a profundidade da infiltração do câncer. Em lesões muito pequenas e de baixa agressividade, esse método pode ser apenas a única terapia usada


Quimioterapia: Após a resseção do tumor por via endoscópica, o cirurgião faz uma instilação única de um quimioterápico, para complementar o tratamento e evitar recidivas. A droga mais usada atualmente é a mitomicina, mas existem outras opções de quimioterápicos


Imunoterapia: Consiste na introdução da vacina BCG (a mesma utilizada para a tuberculose) dentro da bexiga, através de um cateter uretral. A introdução do bacilo provoca uma reação imunológica do organismo, deslocando anticorpos para atuarem no interior desse órgão. O combate ao bacilo da vacina acaba levando a um efeito colateral que é a destruição das células do câncer que estão se desenvolvendo na parede vesical. O próprio organismo ajuda a combater a neoplasia. As vacinas são aplicadas de modo programado, de acordo com o estágio e o grau de agressividade do câncer, alguns dias após a cirurgia para retirada endoscópica do tumor. Existem vários protocolos que variam quanto a frequência e tempo de aplicação. Mais comumente, as doses são introduzidas semanalmente, por um período ao redor de 6 ou mais semanas.

 

Quais as opções terapêuticas para o câncer invasivo?


Após o correto estagiamento, o câncer pode ser mais agressivo, invadindo camadas mais profundas da bexiga e com um maior potencial de disseminação, sendo então classificado como neoplasia invasiva de alto risco. A abordagem da doença mais agressiva consiste numa combinação de 3 tipos principais de tratamento:


Cirurgia: Consiste na retirada completa da bexiga, denominada cistoprostatectomia radical. Pode ser realizada via laparoscópica, robótica ou aberta, visando a retirada completa dos órgãos que podem estar comprometidos pela doença. Após a retirada da bexiga, a urina terá que ser desviada de seu trajeto normal. A técnica para a implantação de uma nova forma de transporte urinário é dita derivação. As formas mais comuns de derivação compreendem a construção de um reservatório similar à bexiga que será implantado a partir de um segmento de intestino, técnica denominada de neobexiga. O paciente continua urinando de forma anatômica, com a urina sendo eliminada pela via natural (uretra). Outras formas de derivação incluem a derivação para um conduto que é exteriorizado na pele do abdômen (urina coletada em bolsas plásticas adaptadas na pele) ou por uma ligação dos ureteres com o intestino grosso, sendo a urina eliminada junto com as fezes. A escolha do método depende de vários fatores que serão analisados pelo cirurgião e decididos em conjunto com o paciente.

A cistectomia parcial consiste na retirada de parte da bexiga acometida pelo tumor, deixando a parte do órgão aparentemente livre da doença. Tem indicação muito limitada no câncer invasivo e depende de vários fatores que devem ser analisados em conjunto com seu médico.


Radioterapia: Existem vários protocolos de radioterapia, com inúmeras variações quanto a dosagem, duração e momento de aplicação. Não existe um tratamento único, tudo irá depender das condições clínicas e estagiamento da doença. De uma maneira geral, o método consiste na aplicação de radiação para destruição das células cancerígenas. Pode ser feita antes ou depois da cirurgia ou mesmo de forma isolada.


Quimioterapia: A aplicação de quimioterapia para câncer de bexiga invasivo pode ser feita de várias maneiras e com a aplicação de diferentes quimioterápicos. A diferença com a doença superficial consiste a introdução direta da medicação na corrente sanguínea, ao passo que, no câncer não-invasivo, ela é feita dentro da bexiga e com menores efeitos colaterais. A quimioterapia pode ser aplicada antes da cirurgia, com a finalidade de reduzir o tamanho do tumor, após a cirurgia como parte do tratamento, ou de forma isolada e paliativa, naqueles casos com doença extremamente avançada, com o objetivo de uma sobrevida maior.

 

Como é feito o controle da doença após o tratamento?


A batalha contra o câncer de bexiga envolve uma participação e motivação muito grande por parte do paciente. Não basta o controle inicial, o acompanhamento e a detecção precoce do retorno do câncer dependerá da modalidade de terapia empregada inicialmente. Quando a bexiga e deixada no local, nos casos de câncer superficial, a realização de cistoscopias (endoscopias da bexiga) e outros métodos diagnósticos citados anteriormente serão empregados de forma padronizada, a cada 3 meses ou menos, dependendo de cada caso.

Os pacientes que foram submetidos a retirada do órgão irão ser submetidos, do mesmo modo, a exames seriados de acompanhamento (tomografias, ressonância magnética, etc). O mais importante no acompanhamento é a conscientização, por parte do paciente, da importância do controle posterior para o sucesso da cura de sua doença.

 

 

 

 

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